PARTILHAS DE DOMIMGO
Luis de Castro &
Lucarocas
Acreditar
que isso é um laço de afeto obrigatório de dever, é esquecer que além das
tarefas, existe a partilha do fazer acreditar que suas ações os tornarão mais
próximos e amorosos. Não deixa de ser verdade, em parte, pois mais que as
atividades laborais existem sonhos que embalam futuro num estande de presente.
Quando
ambos compartilham tarefas, por pequenas que sejam, passam a se compreender no
fazem conjunto, como se ambos se completassem nos gestos e ações que produzem.
O fazer conjunto gera energia que impulsiona a relação numa caminhada de
vontade de seguir avante, e esse instante de execução gera motivação para que o
casal planeje novas atividades conjuntas.
Mas
o tempo, pai de todas as sabedorias, e conhecedor de todos os corações, vai
mostrando que a rotina se acomoda no fazer, e que não existe mais o mesmo
entusiasmo dos dias primeiros do amor romântico. Há uma nova realidade que se
constrói com a convivência e a partilha se perde no esquecimento e se encontra
no fazer individual de cada sujeito. Nesse tempo de mudança começa a haver os
conflitos internos do egoísmo, e o desprezo pelo coletivo partilhado. A relação
esfria, e o romantismo se deixa ocupar por uma realidade.
De
vez enquanto há uma tentativa de reação em atar velhos hábitos de convivência,
mas a crosta da individualidade não permite mais o brilho da partilha, e cada
um vive o seu momento de realização, e termina por terceirizar os serviços
domésticos do domingo, e outros mais.
Há quem creia
que estamos sendo pessimistas sobre a relação do casal recém-formado, pois para
os românticos o mundo é perfeito, mas a certeza que temos é que verdades e
realidades que nos cercam, fazem despertar do romantismo tão sonhado.
Que seus
domingos sejam partilhados nos abraços do sentir o outro, do ouvir o outro, de
entender outro, para que assim, cada um encontre em si a sua natureza e possa
no outro encontrar a essência da partilha dos dias que virão, independente do
dia da semana. Até o dia em que cada um descobrir que não valeu a “pena” a
caminhada, pois não foi “pena”, foram dias de prazer de partilha e crescimento
mútuo.
Fortaleza, 10
de março de 2024.
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